Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://hdl.handle.net/11624/3110
Autor(es): Bandeira, Hosannah Márcia Alves
Título: A constituição de aprendizagens interculturais : re-existência das mulheres guajajara.
Data do documento: 2020
Resumo: Esta tese descreve um caminho de renascimento de uma educação ancestral indígena através de um diálogo etnográfico colaborativo com os Guajajara. O objetivo foi compreender os espaços educativos de re-existência Guajajara com ênfase na trajetória existencial de Sônia Guajajara, num modo de investigar que visa partir da exclusão para a solidariedade. Trata-se de uma pesquisa que afirma e descreve práticas de resistência de lutas indígenas Guajajara, como uma artesania das práticas, que interliga enfrentamentos políticos da mulher Guajajara, modos de vida pautados na resistência ao colonialismo, defesas de territórios e percursos acadêmicos e sociais, ou seja, lutas de territórios simbólicos e concretos que atravessam as fronteiras contra exclusões não abissais do povo Guajajara. Busquei compreender os Guajajara pela vivência, pela experiência e pelo cultivo dos dons que não podem ser tomados ou comprados, apenas recebidos por aqueles que estão prontos pelo olhar de quem já os possui. Ao discorrer sobre conhecimentos indígenas Guajajara, apresento minhas percepções e análises frutos de um intenso estudo acadêmico, de uma forte convivência com este povo. Meus percursos de pesquisa foram se dando numa perspectiva do corazonar, do deixar-me embrenhar na tocaia, na participação nos rituais de passagem nas aldeias, nos enfrentamentos das Marchas junto às mulheres, nos Acampamentos Terra Livre em Brasília, nas reuniões que avançavam as madrugadas, fazendo agendas e discutindo as práticas de Sônia Guajajara com seus grupos. Foram tantos os momentos de vivências, que precisarei de mais tempo para compreender tudo o que foi vivido, mas destaco as reflexões feitas sobre modos de pesquisa que me inspirei como a fenomenologia de Rodolfo Kusch e a permissão que ele nos dá para pensar uma pesquisa de campo existencial. A etnografia colaborativa que me permitiu pensar uma escrita e uma prática que acontece num entre, numa tradução colaborativa que se dá na prática entre mundos indígenas e não indígenas e a perspectiva sistematizada por Boaventura (2020) das epistemologias do sul que afirma um tipo de pesquisa coletiva que se dá em reuniões, num posicionamento político, numa colaboração de pensamentos e de ações que são pouco reconhecidos pelas universidades como pesquisa. A pesquisa revelou que a constituição de aprendizagens educativas interculturais não surge apenas como manifestação racional e reflexiva, mas pelo entendimento de mutabilidade do poder dos Maíras, imitar esses Maíras é mais que pensar ou sentir, é penetrar em um mundo que para nós ou pelo menos parte de nós não indígenas é dual, natural x sobrenatural, e que a re- existência Guajajara se dá no cultivo dos sonhos, dos dons, na oralidade, nos cantos, nas danças, na pintura do corpo, nas sabedorias das caçadas, no envolvimento de toda a aldeia na educação da criança e na preparação desta para a vida adulta, perpassa a educação ancestral, o engajamento no movimento indígena, na importância que dão para a educação formal e na determinação de manterem seus modos de vida que foram aprendidos com seus encantados. São vivências e sabedorias para aprofundar reflexões e diálogos e produzir sentidos nas relações humanas e na relação na luta pela mãe terra.
Resumo em outro idioma: This thesis describes a path of rebirth of an ancestral indigenous education through a collaborative ethnographic dialogue with the Guajajara. The objective was to understand the educational spaces of Guajajara's re-existence with emphasis on the existential trajectory of Sônia Guajajara, in a way of investigating that aims to start from exclusion to solidarity. It is a research that affirms and describes resistance practices of Guajajara indigenous struggles, as a craftsmanship of practices, that interconnects political confrontations of Guajajara women, ways of life based on resistance to colonialism, defenses of territories and academic and social paths, that is, struggles of symbolic and concrete territories that cross borders against non-abyssal exclusions of the Guajajara people. I tried to understand the Guajajara through the experience, the experience and the cultivation of gifts that cannot be taken or bought, only received by those who are ready for the eyes of those who already have them. When discussing indigenous Guajajara knowledge, I present my perceptions and analyzes resulting from an intense academic study, from a strong coexistence with these people. My research pathways were taking place in a perspective of corazonar, of letting myself get involved in the stakeout, in the participation in the passage rituals in the villages, in the confrontations of the Marches with women, in the Terra Livre Camps in Brasilia, in the meetings that advanced at dawn, making agendas and discussing the practices of Sônia Guajajara with her groups. There were so many moments of experiences, that I will need more time to understand everything that was lived, but I highlight the reflections made on research modes that I was inspired by the phenomenology of Rodolfo Kusch and the permission that he gives us to think a research of existential field. The collaborative ethnography that allowed me to think about writing and a practice that happens in between, in a collaborative translation that takes place in practice between indigenous and non-indigenous worlds and the perspective systematized by Boaventura (2020) of southern epistemologies that affirms a type of research collective that occurs in meetings, in a political position, in a collaboration of thoughts and actions that are little recognized by universities as research. The research revealed that the constitution of intercultural educational learning does not appear only as a rational and reflective manifestation, but through the understanding of the mutability of the Maíras' power, imitating these Maíras is more than thinking or feeling, it is entering a world that for us or at least part of us non-indigenous people is dual, natural x supernatural, and that Guajajara's re-existence occurs in the cultivation of dreams, gifts, orality, songs, dances, body painting, hunting wisdom, involvement of the whole village in the education of the child and in the preparation of it for adult life, goes through ancestral education, the engagement in the indigenous movement, the importance they attach to formal education and the determination to maintain their ways of life that were learned from their delighted. They are experiences and wisdom to deepen reflections anddialogues and produce meanings in human relationships and in the relationship in the struggle for mother earth.
Nota: Inclui bibliografia.
Instituição: Universidade de Santa Cruz do Sul
Curso/Programa: Programa de Pós-Graduação em Educação
Tipo de obra: Tese de Doutorado
Assunto: Guajajara, Sônia
Educação multicultural
Índios - Educação
Índios Tenetehara
Etnologia
Mulheres índias
Aprendizagem
Orientador(es): Menezes, Ana Luisa Teixeira de
Aparece nas coleções:Programa de Pós-Graduação em Educação – Mestrado e Doutorado

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