Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://hdl.handle.net/11624/3744
Autor(es): Paes, Sara Ester
Título: Educação e(m) saúde para mulheres negras : tensionamentos a partir da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra.
Data do documento: 2024
Resumo: O presente trabalho investiga e tensiona a educação em saúde articulada às mulheres negras, apoiando-se no conceito de interseccionalidade, proposto por Kimberlé Crenshaw. Por meio dele, destaca-se a interseção de marcadores sociais que envolvem essas mulheres, tendo em conta as violências às quais muitas são submetidas, mais precisamente, aqui, relacionadas ao direito de acesso à saúde e à educação de qualidade. Além disso, trata daquilo que pode ser reconhecido como a invisibilidade dos potenciais e da vida dessas mulheres, em diferentes esferas da sociedade. É uma pesquisa focada na análise documental, realizada por meio de levantamento de dados e documentos disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Ministério da Saúde. Especialmente, analisa versões da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (2010, 2013 e 2017), disponíveis no site do Ministério da Saúde. Nota-se que as orientações relativas ao cuidado da população negra são abordadas pela perspectiva da doença e não pela promoção da saúde ou aumento da qualidade de vida. Assim, há uma escassez de dados nas primeiras edições do documento, bem como, as mulheres negras são colocadas no mesmo patamar de dificuldade dos homens negros, mesmo existindo diferenças dentro do próprio grupo racial ou seja, elas sofrem tripla discriminação. Na última edição da política existem mais dados sobre a saúde destas mulheres, mas nota-se que não há um cuidado a atenção à saúde das mesmas. Além do mais, os marcadores que interseccionam raça, classe e gênero, são os que limitam o acesso a uma saúde e educação de qualidade. Sendo assim, em um primeiro momento, explico os conceitos de racismo institucional/estrutural, aponto a partir de dados, que a partir destes conceitos em conjunto com a interseccionalidade, separam e invisibilizam as mulheres negras dos espaços educacionais e de saúde. Em um segundo momento, apresento a implementação e lutas para chegar na organização da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, bem como suas edições. No terceiro momento, discuto por qual viés as mulheres negras são vistas dentro da política, além de abordar como deveria ser estudado a saúde destas mulheres, para que seja possível promover a equidade e garantir o acesso igualitário aos serviços de saúde. Destaco a importância de considerar as especificidades e demandas das mulheres negras, levando em conta fatores como racismo, machismo, e desigualdades sociais. Além disso, ressalto a necessidade de uma abordagem interseccional que reconheça as múltiplas opressões vivenciadas por elas, além da educação em saúde ser um dos elementos importantes no combate às desigualdades e vulnerabilidades sociais. Contudo, é necessário investir em ações educativas em saúde, pois vai além das instituições, pois perpassa seu cotidiano. Profissionais da saúde, bem como as instituições devem promover debates e pesquisas, para que em breve possamos notar a diferença nos indicadores de saúde e educação.
Resumo em outro idioma: This work investigates and tensionates health education linked to black women, based on the concept of intersectionality, proposed by Kimberlé Crenshaw. Through it, the intersection of social markers that involve these women stands out, taking into account the violence to which many are subjected, more precisely, here, related to the right to access health and quality education. Furthermore, it deals with what can be recognized as the invisibility of the potential and lives of these women, in different spheres of society. It is research focused on documentary analysis, carried out through data collection and documents made available by the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) and the Ministry of Health. In particular, it analyzes versions of the National Policy for Comprehensive Health of the Black Population (2010, 2013 and 2017), available on the Ministry of Health website. It is noted that the guidelines regarding the care of the black population are approached from the perspective of the disease and not by promoting health or increasing quality of life. Thus, there is a lack of data in the first editions of the document, as black women are placed on the same level of difficulty as black men, even though there are differences within the racial group itself, that is, they suffer triple discrimination. In the latest edition of the policy there is more data on the health of these women, but it is noted that there is no care for their health. Furthermore, the markers that intersect race, class and gender are those that limit access to quality health and education. Therefore, firstly, I explain the concepts of institutional/structural racism, using data to point out that, based on these concepts, together with intersectionality, they separate and make black women invisible in educational and health spaces. Secondly, I present the implementation and struggles to achieve the organization of the National Policy for Comprehensive Health of the Black Population, as well as its editions. In the third moment, I discuss how black women are seen in politics, in addition to addressing how these women's health should be studied, so that it is possible to promote equity and guarantee equal access to health services. I highlight the importance of considering the specificities and demands of black women, taking into account factors such as racism, machismo, and social inequalities. Furthermore, I highlight the need for an intersectional approach that recognizes the multiple oppressions experienced by them, in addition to the fact that health education is one of the important elements in combating social inequalities and vulnerabilities. However, it is necessary to invest in educational actions in health, as it goes beyond institutions, as it permeates their daily lives. Health professionals, as well as institutions, must promote debates and research, so that we can soon notice the difference in health and education indicators.
Nota: Inclui bibliografia.
Instituição: Universidade de Santa Cruz do Sul
Curso/Programa: Programa de Pós-graduação em Educação
Tipo de obra: Dissertação de Mestrado
Assunto: Educação em saúde
Cuidados pessoais com a saúde
Negras
Mulheres - Saúde e higiene
Racismo
Política de saúde
Direito à saúde
Orientador(es): Souza, Camilo Darsie de
Aparece nas coleções:Programa de Pós-Graduação em Educação – Mestrado e Doutorado

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