Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://hdl.handle.net/11624/3765
Autor(es): Sehn, Ana Paula
Título: Atividade física, duração do sono, tempo de tela e o desenvolvimento de risco cardiometabólico em crianças e adolescentes.
Data do documento: 2024
Protocolo CEP: Nº parecer: 4.278.679 - 15/09/2020
Resumo: Introdução: O aumento na prevalência de risco cardiometabólico na população infantojuvenil, incluindo jovens brasileiros, gera preocupações importantes no âmbito da saúde pública, por estar associado com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares durante a adolescência e ao longo da vida adulta. Nesse sentido, observa-se uma complexa rede de fatores entre os quais se destacam as modificações do estilo de vida. Diante da presença de comportamentos de risco apresentados em idades precoces, como inatividade física, duração do sono inadequada, comportamento sedentário e aumento da adiposidade corporal, é fundamental monitorar e acompanhar o estado de saúde e os hábitos de vida dessa população. Isso torna-se relevante, especialmente por não estar bem esclarecido o papel desempenhado pela atividade física, duração do sono e tempo de tela no desenvolvimento do risco cardiometabólico. Objetivo: Analisar a relação da atividade física, duração do sono e tempo de tela com o desenvolvimento de risco cardiometabólico em crianças e adolescentes. Artigo I: Objetivo: Verificar a prevalência e o papel integrado do estilo de vida nos fatores de risco cardiometabólico de acordo com o sexo em adolescentes. Métodos: Estudo transversal desenvolvido com 1.502 adolescentes, de 10 a 17 anos. Os hábitos de estilo de vida incluídos foram: atividade física, tempo de tela e duração do sono avaliados por meio de um questionário. O escore de risco cardiometabólico foi calculado pela soma dos escores z, dividido por seis. Para as análises estatísticas, foram utilizados modelos de regressão logística multivariada binária e multinomial. Resultados: Entre meninos classificados com escore de risco cardiometabólico adverso, 80,7% apresentaram inatividade física, em comparação com escore de risco cardiometabólico normal. Nas meninas, 42,6% apresentaram sono inadequado em relação ao escore de risco cardiometabólico normal. Meninos classificados como inativos apresentaram maior chance de obesidade, bem como triglicerídeos e pressão arterial sistólica alterados, baixos níveis de aptidão cardiorrespiratória (APCR), circunferência da cintura elevada e escore de risco cardiometabólico adverso, em comparação aos adolescentes ativos. Um tempo de tela prolongado aumentou as chances de glicose alterada e diminuiu as chances de triglicerídeos alterados. Nas meninas, a duração inadequada do sono apresentou maior chance de sobrepeso, obesidade, baixos níveis de APCR e escore de risco cardiometabólico adverso, em comparação com o sono adequado. Conclusões: A atividade física para meninos e a duração do sono para meninas são importantes para manter a saúde metabólica entre os jovens. Artigo II: Objetivo: Verificar o papel moderador simultâneo da duração do sono e do tempo de tela na relação entre a circunferência da cintura e o escore de risco cardiometabólico de acordo com a prática de atividade física de crianças e adolescentes. Métodos: Foi realizado um estudo transversal com 3.068 crianças e adolescentes (6-17 anos, 57,5% meninas). Atividade física, duração do sono e tempo de tela foram avaliados por meio de um questionário autorreferido. O escore de risco cardiometabólico foi determinado pela média dos escores z dos fatores de risco, dividindo-o por quatro. As análises de moderação foram testadas por meio de modelos de regressão linear múltipla. Resultados: Entre os indivíduos fisicamente ativos, a duração do sono (p=0,85) e o tempo de tela (p=0,96) não influenciaram a relação entre circunferência da cintura e escore de risco cardiometabólico. No entanto, uma interação positiva entre circunferência da cintura x tempo de tela (p = 0,04) com o escore de risco cardiometabólico foi observada para participantes fisicamente inativos. Quanto à duração do sono, não houve interação com a circunferência da cintura. Os participantes que passaram 60 minutos em tempo de tela apresentaram menor escore de risco cardiometabólico, mesmo apresentando circunferência da cintura elevada, em comparação aos tercis mais altos de tempo de tela (180 e 360 minutos). Contudo, embora a interação entre duração do sono e circunferência da cintura não tenha sido significativa, observou-se que o menor tercil de duração do sono (482 minutos) combinado com 60 minutos de tempo de tela apresentou 10 menor escore de risco cardiometabólico, mesmo com a presença de alta circunferência da cintura. Conclusões: Nossos achados encorajam o cumprimento das diretrizes de atividade física associadas à adoção de tempo de tela adequado para minimizar a influência da circunferência da cintura no escore de risco cardiometabólico. Artigo III: Objetivos: 1) investigar as relações longitudinais entre tempo de tela, duração do sono, atividade física, índice de massa corporal e escore de risco cardiometabólico em crianças e adolescentes; e 2) verificar os escores e a prevalência de zonas de risco do escore de risco cardiometabólico no início do estudo e no acompanhamento. Métodos: Este estudo observacional longitudinal incluiu 331 crianças e adolescentes (6 a 17 anos; meninas = 191) de escolas de uma cidade do sul do Brasil. O tempo de tela, a duração do sono e a atividade física foram avaliados por meio de questionário autorreferido. O índice de massa corporal foi avaliado, utilizando o escore z do índice de massa corporal. O escore de risco cardiometabólico foi determinado pela soma dos escores z específicos de sexo e idade da relação colesterol total/colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL-C), triglicerídeos, glicose e pressão arterial sistólica e dividindo-os por quatro. Um modelo two-wave cross-lagged foi implementado. Resultados: Tempo de tela, duração do sono e atividade física não foram associados ao escore de risco cardiometabólico após 2 anos. Contudo, observou-se que o tempo de tela no início do estudo estava associado à duração do sono no acompanhamento (B=-0,074; IC95%=-0,130; -0,012), enquanto o escore z do índice de massa corporal do início do estudo associou ao escore de risco cardiometabólico no acompanhamento (B=0,154; 95% IC=0,083;0,226). O modelo recíproco de relações indicou que a variância de tempo de tela, duração do sono, atividade física, escore z do índice de massa corporal e escore de risco cardiometabólico explicou aproximadamente 9%, 14%, 10%, 67% e 22%, respectivamente, do modelo. Os escores de alterações individuais e a prevalência indicaram que o escore de risco cardiometabólico teve alterações individuais de 2014 a 2016. Conclusão: A duração do sono, o tempo de tela e a atividade física não foram associados ao escore de risco cardiometabólico após 2 anos. O tempo de tela mostrou uma associação inversa com a duração do sono, e o escore z do índice de massa corporal foi positivamente associado com o escore de risco cardiometabólico após um acompanhamento de 2 anos. Finalmente, a prevalência de não agrupamento de fatores de risco aumentou após dois anos. Esses achados sugerem a necessidade de promover hábitos de vida saudáveis desde a infância e levar em consideração fatores individuais que podem impactar a saúde cardiometabólica. Artigo IV: Objetivo: Verificar o papel moderador das mudanças nos níveis de atividade física na associação entre tempo de tela no início do estudo e o escore de risco cardiometabólico após 2 anos de acompanhamento em crianças e adolescentes. Métodos: Estudo observacional longitudinal com crianças e adolescentes de 6 a 17 anos, de ambos os sexos (meninas n= 141), de escolas públicas e privadas. Os participantes foram avaliados em 2014 e 2016. A avaliação dos níveis de atividade física (ambos os períodos: 2014 e 2016) e do tempo de tela no início do estudo foi realizada por meio de um questionário autorreferido. Mudanças no delta da atividade física (Δatividade física) foram calculadas por meio da subtração de atividade física no acompanhamento e atividade física no início do estudo. O escore de risco cardiometabólico no início do estudo e no acompanhamento foi obtido somando os escores z de cada fator de risco cardiometabólico (circunferência da cintura, pressão arterial sistólica, triglicerídeos, relação CT/HDL-c e glicemia de jejum) e dividindo-o por 5. Os modelos de moderação foram testados usando regressão linear múltipla. Resultados: Foi observado um termo de interação positiva entre Δatividade física e tempo de tela no início do estudo na associação com escore de risco cardiometabólico no acompanhamento (p = 0,029), indicando que a associação entre tempo de tela no início do estudo e escore de risco cardiometabólico no acompanhamento foi significativamente diferente de acordo com os valores de Δatividade física. A partir de um Δatividade física ≥ 36,92 minutos por semana, tempo de tela no início do estudo e escore de 11 risco cardiometabólico no acompanhamento de 2 anos exibiram uma relação significativa negativa (p = 0,050), indicando que, embora os participantes apresentassem maiores quantidades de tempo de tela no início do estudo, o perfil cardiometabólico no seguimento tende a ser saudável quando há uma mudança na atividade física do início do estudo para o acompanhamento superior aos minutos por semana indicados. Conclusões: Os aumentos da atividade física após 2 anos de acompanhamento moderam significativamente a associação negativa do tempo de tela com doenças cardiometabólicas ao melhorar os marcadores da síndrome metabólica em escolares (crianças e adolescentes). Considerações finais da Tese: Ressalta-se a importância de explorar o desenvolvimento de fatores de risco cardiometabólico em múltiplos comportamentos como atividade física, duração do sono e tempo de tela, levando em consideração a influência simultânea entre eles. A partir disso, estratégias de saúde pública e de educação devem estimular a população infantojuvenil a adotar hábitos de vida saudáveis, atendendo as recomendações de atividade física, comportamento sedentário e duração de sono para a prevenção de doenças cardiometabólicas.
Resumo em outro idioma: Introduction: The increased prevalence of cardiometabolic risk in the child and youth population, including young Brazilians, raises important concerns at the public health level due to its associations with the development of cardiovascular diseases during adolescence and throughout adulthood. In this sense, a complexity of factors is observed, including lifestyle changes. Given the presence of risk behaviors shown at an early age, such as physical inactivity, inadequate sleep duration, sedentary behavior, and increased body adiposity, it is essential to monitor this population's health status and lifestyle habits. This becomes relevant, especially since the role of physical activity, sleep duration, and screen time in the development of cardiometabolic risk has not been well established. Aim: To verify the role of lifestyle aspects in the development of cardiometabolic risk in children and adolescents. Article I: Aim: To verify the prevalence and the integrated role of lifestyle habits in cardiometabolic risk factors according to sex in adolescents. Methods: Cross-sectional study developed with 1,502 adolescents, aged 10 to 17 years. Lifestyle habits included physical activity, screen time, and sleep duration evaluated through a questionnaire. Cardiometabolic risk score (CMRS) was calculated by summing z-scores, divided by six. For statistical analyses, multivariable binary and multinomial logistic regression models were used. Results: 80.7% of the boys classified with adverse CMRS presented physical inactivity, compared to normal CMRS. In girls, 42.6% showed inadequate sleep compared to normal CMRS. Boys classified as inactive showed higher odds for obesity, as well as altered triglycerides, and systolic blood pressure, risk for cardiorespiratory fitness (CRF), high waist circumference, and CMRS, compared to the active. A prolonged screen time increased the odds for altered glucose and decreased the odds for altered triglycerides. In girls, inadequate sleep duration presented higher odds for overweight, obesity, risk for CRF, and high CMRS, compared to adequate sleep. Conclusions: Physical activity for boys and sleep duration for girls are important to maintain healthy metabolic health among youth. Article II: Purpose: To evaluate the simultaneous moderating role of sleep duration and screen time in the relationship between waist circumference (WC) and clustered cardiometabolic risk score (cMetS) according to children and adolescents' physical activity. Methods: A cross-sectional study was conducted on 3,072 children and adolescents (aged 6-17 years, 57.5% girls). Physical activity, sleep duration, and screen time were assessed through a self-report questionnaire. The cMetS was determined by averaging the z-scores of risk factors and dividing it by four. Moderation analyses were tested through multiple linear regression models. Results: Among physically active individuals, sleep duration (p=0.85) and screen time (p=0.96) had no influence on the relationship between WC and cMetS. However, a positive interaction between WC x screen time and cMetS (p=0.04) was observed for physically inactive participants. Concerning sleep duration, there was no interaction with WC. Participants who spent 60 min of screen time presented lower cMetS, even presenting high WC, compared to the higher tertiles of screen time (180 and 360 minutes). However, although the interaction between sleep duration and WC was not significant, it was observed that the lowest tertile of sleep duration (482 min) combined with 60 minutes of screen time presented lower cMetS, even with the presence of high WC. Conclusions: Our findings encourage compliance with physical activity guidelines associated with the adoption of adequate screen time to minimize the influence of waist circumference on cMetS. Article III: Aims: 1) to investigate the longitudinal relationships between ST, sleep duration, PA, body mass index (BMI), and cardiometabolic risk score (cMetS) in children and adolescents; and 2) to verify scores and prevalence of cMetS risk zones at baseline and follow-up. Methods: This observational longitudinal study included 331 children and adolescents (aged six to 17 years; girls=191) from schools in a southern city in Brazil. ST, sleep duration, and PA were evaluated by a self-reported questionnaire. BMI was evaluated using the BMI z-scores (Z_BMI). The cMetS was determined by summing sex- and age-specific z-scores of total cholesterol/high-density lipoprotein cholesterol (HDL-C) ratio, triglycerides, glucose, and systolic blood pressure and dividing it by four. A two-wave cross-lagged model was implemented. Results: ST, sleep duration, and PA were not associated with cMetS after 2- years. However, it was observed that ST at baseline was associated with sleep duration at follow-up (B=-0.074; 95%IC=-0.130; -0.012), while Z_BMI from baseline associated with cMetS of follow-up (B=0.154; 95%CI=0.083;0.226). The reciprocal model of relationships indicated that the variance of ST, sleep time, PA, Z_BMI, and cMetS explained approximately 9%, 14%, 10%, 67% and 22%, respectively, of the model. Individual change scores and prevalence indicated that cMetS had individual changes from 2014 to 2016. Conclusion: Sleep duration, ST and PA were not associated with cMetS after 2 years. ST showed an inverse association with sleep duration, and Z_BMI was positively associated with cMetS after a 2-year follow-up. Finally, the prevalence of no clustering of risk factors increased after two years. These findings suggest the need to promote healthy lifestyle habits from childhood and considering individual factors that can influence cardiometabolic health. Article IV: Aim: This study aims to verify the moderation role of changes in the levels of PA in the association between ST at baseline with cardiometabolic risk score (cMetS) at 2-years follow-up in children and adolescents. Methods: Observational longitudinal study with children and adolescents of 6 to 17 years old, both sexes (girls n= 141, boys n= 192), from public and private schools. Participants were evaluated in 2014 and 2016. The evaluation of the ‘levels of PA’ (both periods: 2014 and 2016) and ST behavior at baseline was applied through a self-reported questionnaire. Delta changes in PA (ΔPA) were calculated through subtraction of PA at follow-up and PA at baseline. The cMetS at baseline and follow-up was obtained by summing z-scores of each cardiometabolic factor risk (waist circumference, systolic blood pressure, triglycerides, TC/HDL-c ratio, and fasting glucose) and dividing it by 5. Moderation models were tested using multiple linear regression. Results: A positive interaction term between ΔPA and screen time at baseline in the association with cMetS at follow-up (p = 0.029) was observed, indicating that the association between ST at baseline and cMetS at follow-up was significantly different across different values of ΔPA. From ΔPA ≥ 36.92 minutes per week, ST at baseline and cMetS at 2-years follow-up exhibited a negative statistically significant relationship (p = 0.050), indicating that even though participants presented higher amounts of ST at baseline, the cardiometabolic profile at follow-up tends to be healthy when there is a change in PA from baseline to follow-up higher than 36.92 minutes per week. Conclusions: The increases in PA after 2-years follow-up moderate significantly the negative association of ST with cardiometabolic diseases by improving metabolic syndrome markers in schoolchildren (children and adolescents). Finals conclusions: It is important to explore the development of cardiometabolic risk factors in multiple lifestyle behaviors, such as physical activity sleep duration, and screen time, considering the simultaneous influence between them. From that, public health and education strategies should encourage the child and youth population to adopt healthy lifestyle habits, meeting recommendations for physical activity, sedentary behavior, and sleep duration for the prevention of cardiometabolic diseases.
Nota: Inclui bibliografia.
Instituição: Universidade de Santa Cruz do Sul
Curso/Programa: Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde
Tipo de obra: Tese de Doutorado
Assunto: Exercícios físicos para crianças
Exercícios físicos para jovens
Esportes para adolescentes
Síndrome metabólica
Sono
Adolescentes - Sono
Crianças - Sono
Televisão e adolescentes
Televisão e crianças
Orientador(es): Reuter, Cézane Priscila
Coorientador(es): Renner, Jane Dagmar Pollo
Frozza, Rejane
Aparece nas coleções:Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde - Mestrado e Doutorado

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