Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://hdl.handle.net/11624/3786
Autor(es): Halmenschlager, Isabel Helena Forster
Título: (Des)construindo um discurso acerca do nascimento : a questão da cesariana em um município do interior do Rio Grande do Sul.
Data do documento: 2023
Resumo: Introdução: A gestação e o nascimento de um novo ser são considerados processos fisiológicos, mas no Brasil, a maior parte dos nascimentos são realizados por cesarianas (55%), procedimento cirúrgico considerado de grande porte. Em Santa Cruz do Sul, cidade do interior do Rio Grande do Sul, essa taxa é ainda maior, chegando a 73%. Objetivo: Identificar e nalisar fatores implicados, inclusive Covid-19, na determinação de cesarianas no estrato de uma realidade geográfica e de um segmento populacional, na perpectiva das recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e Ministério da Saúde (MS), entre janeiro de 2010 a dezembro de 2019, e analisar os sentidos produzidos acerca dos processos de nascimentos para as gestantes, puérperas, bem como para os demais atores envolvidos nas equipes de cuidados para com essas mulheres. Artigo 1: COVID-19, GESTAÇÃO E ORFANDADE CONSEQUENTE. Objetivo: revisar a literatura atual sobre as implicações da COVID-19 na saúde de gestantes e puérperas, a via de nascimento, assim como a importância da vacinação prioritária nesse grupo e refletir sobre a orfandade consequente da mesma. Materiais e Métodos: uma revisão integrativa de estudos, documentos de fontes oficiais e registros jornalísticos do período de março de 2020 - dezembro de 2021. Resultados: Em geral, a infecção por Covid-19 não é uma indicação para o parto, mas recomenda-se a antecipação do parto e a realização de cesariana de urgência no caso de gestantes que evoluam com sintomas graves ou críticos. Em gestantes com boas condições clínicas, sintomas leves e feto com boa vitalidade, o parto vaginal é seguro e recomendável. Conclusão: Constatou-se que os dados internacionais apontam uma tendência de crescimento da "orfandade pandêmica", urgindo a necessidade de um preparo para profissionais de saúde, professores, legisladores e pesquisadores desenvolverem estratégias de assistência aos órfãos em relação a essa pandemia Artigo 2: GESTANTES INDÍGENAS BRASILEIRAS: RELAÇÃO ENTRE A ASSISTÊNCIA AO PRÉ-NATAL E OS NÚMEROS DE PARTOS NORMAIS E CESARIANAS ENTRE OS ANOS DE 2010 E 2019. Objetivo: pesquisar e comparar as gestantes indígnenas e as não indígenas na realização de pré-natal e os números de partos vaginais e cesarianas no Rio Grande do Sul em relação ao Brasil, no período de 2010 a 2019. Materiais e Métodos: estudo ecológico, em que realizou-se as buscas no banco de dados de livre acesso do DATASUS. Resultados: evidenciou-se que as indígenas realizam mais partos normais (80%), quando em relação às gestantes não indígenas. Também, é interessante salientar que o aumento do número de pré-natais adequados nas gestantes não indígenas aumenta o número de cesarianas nessa população, ao contrário da população indígena. Conclusão: Os fatores culturais e distâncias de centros de saúde podem ser fatores que corroboram com os dados encontrados. Outro ponto que merece destaque acerca dos achados refere-se que, embora o número de partos normais em indígenas seja maior, ainda precisamos avançar para obtenção de diretrizes preconizadas pelo Ministério da Saúde acrescido da necessidade da elevação de consultas pré-natais. MANUSCRITO 3: CESARIANAS E FATORES RELACIONADOS, NO PERÍODO DE 2010 A 2019, ANÁLISE EM UM MUNICÍPIO Objetivo: Identificar e analisar alguns fatores implicados na determinação das taxas de cesarianas em Santa Cruz do Sul (SCS), entre janeiro de 2010 a dezembro de 2019. Método: Pesquisa de caráter longitudinal, documental, descritivo e quantitativo. Os dados foram obtidos através do DATASUS, no período de 2010 a 2019, referentes a cidade de SCS, 13ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), estado do Rio Grande do Sul (RS) e Brasil e foram considerados fatores que poderiam influenciar ou não a ocorrência de cesarianas, tais como número de consultas no pré-natal, tempo de gestação, peso do recém-nascido, nota do APGAR, cor de pele, escolaridade materna e idade materna. Resultados: Constatou-se que o município de SCS realizou em média 69,43% de cesarianas, 13ª CRS 67,90%, RS 61,74% e no Brasil a taxa foi de 55,53%. Nos fatores analisados, observou-se que houve aumento das taxas de cesariana Conclusão: SCS liderou a percentagem de cesarianas realizadas no período de 10 anos analisados, em comparação a 13ª CRS, RS e o Brasil, em todos os fatores analisados. MANUSCRITO 4: EPIDEMIA DE CESARIANAS: CONTEXTOS, PRETEXTOS E PERSPECTIVAS. Objetivo: Analisar os sentidos produzidos acerca dos processos de nascimentos para gestantes, puérperas, profissionais de saúde e gestores. Método: Foi aplicada a técnica da Análise dos Sentidos Produzidos (SpinK), utilizando-se questionários semiestruturados. Foram respondidos 54 questionários Resultados: Facilidade de agendamento, falta de informações no pré-natal e medo, foram referidos pelas pacientes. Os profissionais da enfermagem referiram que o parto normal é melhor e o pré-natal deveria abordar essas vantagens. A maioria dos médicos consideram melhor o parto normal e a importância do acesso à analgesia no parto. Constatou-se uma preocupação dos gestores com essas altas taxas. Conclusão: É necessária a transformação dos atendimentos pré-natais, assim como da formação e conscientização dos profissionais de saúde. Para que ocorra uma mudança nesse cenário atual de preferência por cesarianas, é necessário novas formas de diálogo sobre o nascimento entre os atores envolvidos e a criação de um novo paradigma - em que seja preservada a autonomia da mulher na escolha da via de parto. Conclusão geral: O primeiro artigo foi escrito devido ao surgimento da Covid-19, e constatou-se que o parto via vaginal é seguro e recomendável na maioria das vezes em pacientes acometidas com essa patologia. O segundo artigo foi elaborado para tentar entender porque as gestantes indígenas tem um percentual de partos normais no Brasil (80,7) e no .RS (60,3%) adequados às orientações do MS, diferente do que ocorre com as gestantes não indígenas. Observou-se que existe o fator cultural, as indígenas procuram ter seus filhos junto a aldeia, e não no hospital. O terceiro manuscrito foi para responder um dos objetivos dessa tese que foi: Cesarianas e Fatores relacionados no período de 2010 a 2019, análise de um município, onde constatou se que o município de SCS realizou em média 69,43% de cesarianas, 13ª CRS 67,90%, RS 61,74% e no Brasil a taxa foi de 55,53%. Além de SCS apresentar taxas maiores que a nacional, a estadual e a regional, também liderou nos fatores implicados com aumento de cesarianas, tais fatores foram o número de consultas no pré-natal, tempo de gestação, peso do recém-nascido, nota do APGAR, cor de pele, escolaridade materna e idade materna. Chegando-se a conclusão que SCS está em uma liderança mundial em taxas de cesarianas Já o quarto manuscrito foi para atender outra parte do objetivo, que era analisar os sentidos produzidos acerca dos processos de nascimentos para as gestantes e puérperas, bem como para os os demais atores envolvidos nas equipes de cuidados para com essas mulheres, onde observou-se a necessidade da criação de um novo paradigma - em que seja preservada a autonomia da mulher na escolha da via de parto.
Nota: Inclui bibliografia.
Instituição: Universidade de Santa Cruz do Sul
Curso/Programa: Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde
Tipo de obra: Tese de Doutorado
Assunto: Cesárea
Parto
Parto normal
Cuidado pré-natal
Violência obstétrica
Grávidas
Cesárea - Santa Cruz do Sul (RS)
Orientador(es): Garcia, Edna Linhares
Coorientador(es): Campos, Deivis de
Aparece nas coleções:Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde - Mestrado e Doutorado

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