Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://hdl.handle.net/11624/4054
Autor(es): Portela, Ana Cláudia da Silva
Título: Docentes em pós-pandemia e práticas de cuidado em saúde mental da Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza.
Data do documento: 2025
Protocolo CEP: 6.711.861 (19/03/2024)
Resumo: A temática da saúde mental dos professores se tornou cada vez mais presente nas discussões acadêmicas, sobretudo após a pandemia da COVID-19 que expôs várias fragilidades das instituições de ensino básico quanto ao cuidado com o bem-estar desses profissionais. Neste contexto, essa pesquisa de mestrado, inserida na área de concentração “Saúde Mental e Práticas” do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), teve como objetivo geral compreender como as práticas de cuidados adotadas pela Secretaria Municipal da Educação (SME) contribuem para a promoção da saúde mental dos docentes no contexto de trabalho pós-pandemia da COVID-19. Trata-se de uma pesquisa-intervenção de abordagem qualitativa, desenvolvida em três etapas complementares, nos meses de abril a dezembro de 2024, em três escolas públicas da cidade de Fortaleza (CE). O referencial teórico apoia-se em autores como Dejours (1992), Safatle (2018) e Canguilhem (2009), e na legislação educacional vigente relacionada às políticas públicas de cuidado com a saúde mental. O método empregado consistiu na aplicação de um questionário sociodemográfico, tanto online, via Google Forms, quanto de forma presencial, respondido por 32 docentes. Em seguida, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com nove desses professores, além de uma gestora da SME. Por fim, foram realizadas rodas de conversa com 15 professores, tanto como produção de dados quanto de intervenção. Na sequência, os dados coletados foram organizados em cinco categorias de análises, a saber: (a) impacto emocional da pandemia e do pós-pandemia na saúde mental; (b) sobrecarga e precarização das condições de trabalho; (c) barreiras institucionais e culturais no acesso ao suporte psicossocial; (d) conflitos e fragilidade das relações interpessoais no ambiente escolar; e (e) estratégias, políticas e práticas de cuidado em saúde mental na rotina docente. Os resultados revelam que muitas professoras não conhecem os serviços de apoio psicossociais e, as que conhecem, encontram dificuldades no acesso a eles, resultando em uma baixa adesão na sua utilização. Além disso, percebeu-se uma carência de iniciativas de cuidado em saúde mental no contexto de trabalho escolar dos professores. Dessa forma, como intervenções, foram realizadas rodas de conversa de caráter educativo e reflexivo com as docentes, e elaborado um produto técnico: a cartilha digital intitulada Saúde mental na escola: entre o estresse e o cuidado diário, baseada na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). A cartilha apresenta estratégias práticas e cientificamente validadas, com orientações para auxiliar os docentes no manejo do estresse no ambiente escolar. Conclui-se que a saúde mental dos docentes tem sido negligenciada nesse contexto, seja pela dificuldade de acesso às práticas de cuidado, seja pela falha na sua divulgação por parte da instituição. Diante disso, é fundamental que as instituições educacionais reivindiquem do poder público a formulação de políticas mais específicas, que garantam ações efetivas de cuidado em saúde mental para esses profissionais e para toda a comunidade escolar. Porque cuidar de quem ensina é um ato de resistência, de luta, de transformação, e, acima de tudo, um compromisso verdadeiro com a justiça social.
Resumo em outro idioma: The issue of teachers’ mental health has gained increasing attention in academic discussions, particularly after the COVID-19 pandemic, which exposed multiple vulnerabilities in primary education institutions regarding the well-being of their professionals. Within this context, this master’s research, developed in the concentration area Mental Health and Practices of the Graduate Program in Psychology at the University of Santa Cruz do Sul (UNISC), aimed to understand how the care practices adopted by the Municipal Department of Education (SME) contribute to promoting teachers’ mental health in the post-pandemic work environment.This qualitative, intervention-based study was carried out in three complementary stages, from April to December 2024, in three public schools in Fortaleza, Brazil. The theoretical framework draws on authors such as Dejours (1992), Safatle (2018), and Canguilhem (2009), as well as current educational legislation related to public policies for mental health care. Data collection involved a sociodemographic questionnaire, administered both online (via Google Forms) and in person, completed by 32 teachers. This was followed by semi-structured interviews with nine of these teachers, in addition to an SME manager, and finally, reflective discussion circles with 15 teachers, which served both as a data production method and as an intervention. The data were organized into five analytical categories: (a) emotional impact of the pandemic and post-pandemic period on mental health; (b) work overload and the deterioration of working conditions; (c) institutional and cultural barriers to accessing psychosocial support; (d) interpersonal conflicts and fragility in school relationships; and (e) strategies, policies, and care practices in teachers’ daily routines. Findings indicate that many teachers are unaware of the psychosocial support services available to them, and among those who are aware, access remains difficult, resulting in low utilization rates. Furthermore, there is a notable lack of institutional initiatives for mental health care in the school work environment. As part of the intervention, reflective and educational discussion circles were held with the participating teachers, and a technical product was developed: a digital guide entitled Mental Health in Schools: Between Stress and Daily Care, grounded in Cognitive Behavioral Therapy (CBT). The guide offers practical, evidence-based strategies to assist teachers in managing stress within the school environment. The study concludes that teachers’ mental health remains neglected in this context, either due to limited access to care practices or due to institutional shortcomings in promoting them. It underscores the need for educational institutions to advocate for more targeted public policies that ensure effective mental health care actions for educators and the broader school community. Ultimately, caring for those who teach is an act of resistance, struggle, transformation, and, above all, a genuine commitment to social justice.
Nota: Inclui bibliografia.
Instituição: Universidade de Santa Cruz do Sul
Curso/Programa: Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Psicologia
Tipo de obra: Dissertação de Mestrado
Assunto: Saúde mental
Pandemias
Professores - Saúde mental
Orientador(es): Areosa, Silvia Virginia Coutinho
Aparece nas coleções:Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Psicologia - Mestrado

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