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http://hdl.handle.net/11624/4122
Autor(es): | Assis, Mariana Portela de |
Título: | Stewardship Brasil : avaliação dos componentes dos programas de gerenciamento de antimicrobianos em hospitais brasileiros com Unidade de Terapia Intensiva adulto. |
Data do documento: | 2025 |
Resumo: | Introdução: Os Programas de Gerenciamento de Antimicrobianos (PGAs) em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) tem se consolidado como uma estratégia fundamental, destacando-se cada vez mais globalmente por sua importância na garantia do uso racional e adequado de antimicrobianos, desempenhando um importante papel no enfrentamento da resistência microbiana. Objetivo geral da tese: Analisar o panorama dos PGAs em hospitais brasileiros com UTI adulto, contemplando a implementação dos componentes, os desafios enfrentados pelas instituições que ainda não os instituíram e as estratégias adotadas para o aprimoramento do uso de antimicrobianos. Manuscrito I: Implementação dos componentes dos Programas de Gerenciamento de Antimicrobianos em Unidades de Terapia Intensiva adulto: estudo transversal das regiões brasileiras em 2022/2023. Objetivo: Analisar a implementação dos componentes dos PGAs em UTIs adulto por regiões brasileiras. Método: Estudo transversal, retrospectivo e multicêntrico. A coleta de dados ocorreu entre outubro de 2022 e janeiro de 2023, utilizando um questionário validado, disponibilizado no portal oficial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) por meio da plataforma Google Forms. A participação das instituições hospitalares brasileiras no preenchimento do questionário ocorreu de maneira voluntária. Foram incluídos no estudo todos os hospitais brasileiros com UTI adulto. O questionário compreendeu 94 itens e sete seções associadas. Na primeira seção, composta por 31 questões, foram solicitadas informações demográficas relacionadas aos dados hospitalares e presença ou ausência de implementação dos programas de gerenciamento de antimicrobianos. Nas seções subsequentes, as 63 questões foram formuladas em conformidade com os componentes essenciais para a implementação dos programas (C1: Apoio das lideranças = 170 pontos; C2: Definição de responsabilidades = 170 pontos; C3: Educação = 145 pontos; C4: Ações para melhorar o uso de antimicrobianos = 340 pontos; C5: Monitoramento do programa = 75 pontos e C6: Divulgação dos resultados = 120 pontos). Cada item de avaliação foi associado a uma pontuação específica, cuja atribuição considerou a ponderação relativa da importância e pertinência de cada componente avaliado. Resultados: Um total de 1170 hospitais brasileiros com UTI adulto preencheram o formulário de avaliação nacional, correspondendo a 59% das instituições brasileiras. Entre estes, 594 (50,8%) afirmaram possuir o PGA implementado, sendo que 37 (6,2%) deles são da Região Norte, 80 (13,5%) da Região Centro-Oeste, 111 (18,7%) da Região Nordeste, 136 (22,9%) da Região Sul e 230 (38,7%) da Região Sudeste do país. Observa-se que, em quatro das cinco regiões, as pontuações do C4 apresentaram o maior percentual relativo ao máximo de pontuação possível, à exceção da região Sul que atingiu o maior percentual relativo ao máximo possível no C1. Em relação ao C2 “definição das responsabilidades”, não houve diferença significativa entre as regiões, das quais todas apresentaram pontuação semelhante e abaixo de 50% do total, demonstrando uma fragilidade nesse componente. Todas as regiões brasileiras registraram um desempenho baixo no C3 “educação”, sugerindo uma área potencial para melhorias em programas educacionais voltados para o uso e prescrição racional de antimicrobianos. Esse componente apresentou diferença significativa entre a região Norte, com pontuação mais alta, e a região Sudeste, com índice mais baixo, sugerindo que a região Sudeste deveria aprimorar medidas educativas. Todas as regiões demonstraram um desempenho notável no C4 “Monitoramento das prescrições”, indicando uma forte ênfase em estratégias para aprimorar a prescrição de antimicrobianos. Conclusão: Observou-se a presença de fragilidades estruturais na execução dos programas, principalmente nos componentes relacionados ao suporte institucional, definição de responsabilidades, planejamento estratégico e, de forma mais preocupante, no eixo da educação. Os achados apontam para a necessidade de políticas nacionais voltadas à qualificação do componente educação. Além disso, torna-se essencial o desenvolvimento de estratégias que fortaleçam a efetivação dos programas no país, considerando que uma parcela expressiva dos hospitais avaliados ainda não os implementou de maneira consolidada. Manuscrito II: Características e desafios dos hospitais brasileiros com unidade de terapia intensiva adulto sem Programas de Gerenciamento de Antimicrobianos: uma comparação entre gestão pública e privada. Objetivo: Analisar as características e os desafios enfrentados pelos hospitais brasileiros com UTI Adulto que ainda não implementaram o PGA, comparando as diferenças entre instituições de administração pública e privada. Método: Estudo transversal, retrospectivo e multicêntrico. Foram utilizados os dados referentes à primeira seção do mesmo questionário, que abrangeu 31 questões voltadas à obtenção de informações demográficas, incluindo dados hospitalares e a presença ou a ausência do PGA e os motivos que contribuíram para o hospital ainda não ter elaborado ou implementado o PGA. Para a análise dos dados, realizou-se estatísticas descritivas, incluindo frequências absolutas e percentuais. Resultados: Das 1.070 instituições participantes, 574 relataram não possuir o programa implementado. Destes, 204 (35%) de administração pública e 370 (65%) de administração privada, e a maioria das instituições apresentou entre 10 e 20 leitos de UTI. Dos desafios destacados, a escassez de recursos humanos foi identificada como uma das principais barreiras (47,3% dos hospitais privados e 62,7% dos públicos) além da ausência de profissionais para elaboração dos programas (47% privado e 63% público) e falta de apoio das outras áreas hospitalares (25% privado e 34% público). A falta de profissionais capacitados também foi relatada como uma das maiores dificuldades, atingindo uma grande parcela tanto de hospitais públicos (47%) quanto de privados (53%). Conclusão: Os hospitais de administração pública enfrentam mais desafios em comparação com os de administração privada, especialmente em áreas como apoio institucional, capacitação de profissionais, recursos financeiros e tecnológicos. Artigo I: Ações para o aprimoramento da gestão e uso de antimicrobianos em hospitais brasileiros com Unidade de Terapia Intensiva adulto. Objetivo: Analisar as ações para o aprimoramento do uso de antimicrobianos implementadas pelos PGAs em UTI adulto de instituições hospitalares brasileiras. Método: O estudo é de caráter transversal, retrospectivo e multicêntrico, utilizando uma ferramenta eletrônica de autoavaliação de PGA previamente validada e disponibilizada no portal oficial da ANVISA. Os critérios de avaliação das instituições com PGA foram organizados em seis componentes essenciais para a implementação desses programas. A presente pesquisa abordou especificamente os dados referentes ao Componente 4 - Ações para melhorar o uso de antimicrobianos, e compreendeu questões relacionadas a políticas, protocolos clínicos, ações estratégicas e complementares realizadas no gerenciamento de antimicrobianos em hospitais. Resultados: Ao analisar as características dos hospitais, pode-se observar que a maioria dos hospitais participantes com PGA possui até 20 leitos de UTI (60%). Referente a composição dos times gestores nas instituições, observa-se que os médicos infectologistas são os profissionais mais frequentes, seguidos por enfermeiros e farmacêuticos clínicos. Entre os hospitais avaliados, 75% relataram contar com uma equipe operacional dedicada ao PGA. Conclusão: A composição das equipes gestoras demonstra o protagonismo de médicos infectologistas, enfermeiros e farmacêuticos clínicos, cuja atuação tem se mostrado essencial para o sucesso dos PGAs. Considerações finais: O PGA pode ser considerado como uma estratégia essencial para combater a resistência antimicrobiana (RAM) em UTI. O estudo revela importantes avanços e lacunas que devem ser abordadas para fortalecer a implementação e eficácia desses programas nos hospitais brasileiros. Ampliar os estudos sobre PGA é essencial para combater a RAM, adaptando estratégias às necessidades regionais e identificando práticas eficazes. |
Resumo em outro idioma: | Introduction: Antimicrobial Stewardship Programs (ASPs) in Intensive Care Units (ICUs) have been consolidated as a fundamental strategy, increasingly standing out globally for their importance in ensuring the rational and appropriate use of antimicrobials, playing an importante role in combating microbial resistance. General Objective of the Thesis: To analyze the landscape of ASPs in Brazilian hospitals with adult ICUs, encompassing the implementation of program components, the challenges faced by institutions that have not yet established such programs, and the strategies adopted to improve antimicrobial use. Manuscript I: Implementation of components of Antimicrobial Stewardship Programs in adult Intensive Care Units: A regional analysis in Brazil. Objective: To analyze the components of ASP in adult ICUs by Brazilian regions. Method: Cross-sectional, retrospective, and multicenter study. Data collection took place between October 2022 and January 2023, using a validated questionnaire, made available on the official National Health Surveillance Agency (ANVISA) portal through the Google Forms platform. The participation of Brazilian hospitals in completing the questionnaire was voluntary. All Brazilian hospitals with adult ICUs were included in the study. The questionnaire consisted of 94 items and seven associated sections. In the first section, comprising 31 questions, demographic information related to hospital data and the presence or absence of ASP implementation was requested. In the subsequent sections, the 63 questions were formulated following the essential components for program implementation (C1: Leadership support = 170 points; C2: Definition of responsibilities = 170 points; C3: Education = 145 points; C4: Actions to improve antimicrobial use = 340 points; C5: Program monitoring = 75 points; and C6: Dissemination of results = 120 points). Each assessment item was assigned a specific score, considering the relative weight of importance and relevance of each evaluated component. Results: A total of 1,170 Brazilian hospitals with adult ICUs completed the national assessment form, corresponding to 59% of Brazilian institutions. Of these, 594 (50.8%) stated that they had implemented the EMP, of which 37 (6.2%) were from the North Region, 80 (13.5%) from the Central-West Region, 111 (18.7%) from the Northeast Region, 136 (22.9%) from the South Region and 230 (38.7%) from the Southeast Region of the country. It can be observed that, in four of the five regions, the C4 scores presented the highest percentage relative to the maximum possible score, with the exception of the South region, which achieved the highest percentage relative to the maximum possible in C1. Regarding C2 “definition of responsibilities”, there was no significant difference between the regions, all of which presented similar scores and below 50% of the total, demonstrating a weakness in this component. All Brazilian regions recorded a low performance in C3 “education”, suggesting a potential area for improvement in educational programs aimed at the rational use and prescription of antimicrobials. This component presented a significant difference between the North region, with the highest score, and the Southeast region, with the lowest index, suggesting that the Southeast region should improve educational measures. All regions demonstrated a notable performance in C4 “Monitoring of prescriptions”, indicating a strong emphasis on strategies to improve the prescription of antimicrobials, since this action has been developed by the Hospital Infection Control Committees for a longer time and has been incorporated into ASPs. Conclusion: Structural weaknesses were observed in the implementation of the programs, particularly in components related to institutional support, definition of responsibilities, strategic planning, and, most concerningly, in the education component. The findings highlight the need for national policies aimed at strengthening the educational component. Furthermore, it is essential to develop strategies that enhance the effective implementation of these programs across the country, considering that a significant proportion of the evaluated hospitals have not yet established them in a consolidated manner. Manuscript 2: Characteristics and Challenges of Brazilian Hospitals with Adult Intensive Care Units Without Antimicrobial Stewardship Programs: A Comparison Between Public and Private Management. Objective: To analyze the characteristics and challenges faced by Brazilian hospitals with Adult Intensive Care Units that have not yet implemented the ASP, comparing differences between public and private healthcare institutions. Method: Cross sectional, prospective, multicenter study, with data collection carried out from October 2022 to January 2023, through an electronic questionnaire made available on the portal of the ANVISA. Data from the first section of the instrument were used, which included 31 questions aimed at obtaining demographic information, including hospital data and the presence or absence of the ASP and the reasons that contributed to the hospital not having yet developed or implemented the ASP. Descriptive statistics were performed for data analysis, including absolute and percentage frequencies. Results: Of the 1,070 participating institutions, 574 reported not having implemented the program. Among these, 204 (35%) were publicly administered and 370 (65%) privately administered, with most institutions having between 10 and 20 ICU beds. Among the highlighted challenges, the shortage of human resources was identified as one of the main barriers (47.3% of private hospitals and 62.7% of public ones), in addition to the lack of professionals to develop the programs (47% in private and 63% in public hospitals) and insufficient support from other hospital departments (25% private and 34% public). The lack of qualified professionals was also reported as one of the greatest difficulties, affecting a large proportion of both public (47%) and private (53%) hospitals. Conclusion: Publicly administered hospitals face more challenges compared to privately administered ones, especially in areas such as institutional support, professional training, and financial and technological resources. Article I: Actions to Improve the Management and Use of Antimicrobials in Brazilian Hospitals with Adult Intensive Care Units. Objective: To analyze actions to improve the use of antimicrobials implemented by ASPs in adult ICUs in Brazilian hospital institutions. Method: This is a cross-sectional, retrospective, and multicenter study. Data collection was carried out between October 2022 and January 2023, using an electronic ASP self-assessment tool previously validated and made available on the official ANVISA portal. The evaluation criteria for institutions with ASP were organized into six essential components for the implementation of these programs. This research specifically addressed data related to Component 4 - Actions to improve the use of antimicrobials, and included issues related to policies, clinical protocols, strategic and complementary actions carried out in the management of antimicrobials in hospitals. Results: When analyzing the characteristics of the hospitals, it can be observed that most of the participating hospitals with EMP have up to 20 ICU beds (60%). Regarding the composition of the management teams in the institutions, it is observed that infectious disease doctors are the most frequent professionals, followed by nurses and clinical pharmacists. Among the hospitals evaluated, 75% reported having an operational team dedicated to ASP. Conclusion: The results demonstrate that some practices related to antimicrobial control are already rooted in the hospitals, being a solid basis for expanding and improving ASPs. Final Considerations: ASPs can be considered an essential strategy to combat antimicrobial resistance (AMR) in ICUs. The study reveals significant advances and gaps that must be addressed to strengthen the implementation and effectiveness of these programs in Brazilian hospitals. Expanding studies on ASPs is crucial for combating AMR, adapting strategies to regional needs, and identifying effective practices. |
Nota: | Inclui bibliografia. |
Instituição: | Universidade de Santa Cruz do Sul |
Curso/Programa: | Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde |
Tipo de obra: | Tese de Doutorado |
Assunto: | Hospitais Gestão de antimicrobianos Unidades de terapia intensiva |
Orientador(es): | Krug, Suzane Beatriz Frantz |
Coorientador(es): | Carneiro, Marcelo |
Aparece nas coleções: | Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde - Mestrado e Doutorado |
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